Mulheres na Literatura

Oi, pessu! Vamos começar esse post com um desafio: liste mentalmente cinco grandes autores que vêm à sua cabeça neste momento.Já listou? Agora, responda: quantos deles são mulheres? Se você pensou em mais autoras do que autores, isso é uma ótima prova de que seu mindset para literatura está bem diversificado. Mas, geralmente, e infelizmente, nós costumamos lembrar de publicações feitas por homens com muito mais frequência.E isso tem um motivo: 72% da literatura publicada no Brasil é masculina, segundo a pesquisa de Regina Dalcastagné em “Literatura brasileira contemporânea — Um território contestado”. Às vezes, mesmo quando não prestamos atenção no nome de quem escreveu aquele livro que chamou nossa atenção na prateleira da livraria, escolhemos autores homens porque realmente há falta de mulheres na literatura.mulheres na literaturaPara você ter uma ideia, o site americano VIDA mostra porcentagens em relação ao gênero das resenhas que são feitas sobre as maiores publicações literárias. E os resultados de 2012 indicaram que  apenas 22% dos livros resenhados no New York Review of Books, 25% no The Times Literary Supplement e 23% no The Nation eram literatura escrita por mulheres. E mesmo quando há literatura feminina, essas mulheres que escrevem, de alguma forma, são postas em lugares diferentes dos homens. Por exemplo, a escritora brasileira Luisa Geisler, vencedora do prêmio Sesc de Literatura e finalista do  prêmio Jabuti, conta que “comparam a sua escrita com a de um homem” e que “não achavam que mulheres podiam escrever assim”.

Essa autora enfatiza a existência do machismo na literatura e frisa que é preciso motivar a leitura de obras escritas por mulheres.

mulheres na literatura luisa geislerExistem duas associações muito importantes na área de Letras, no que diz respeito à pesquisa científica. A ANPOLL (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística) e a ABRALIC (Associação Brasileira de Literatura Comparada). Nos encontros que foram realizados por elas, as apresentações e comunicações sobre mulheres foram de 10.3% o que  parece muito pouco mas é um número significativo se levarmos em consideração a tradição dos estudos literários que sempre tende a enaltecer os autores homens.

Sabendo que o machismo existe na esfera literária, conseguimos passar a entender melhor o papel da mulher no universo da autoria.

O prêmio Nobel da Literatura, por exemplo, existe desde 1901, mas apenas 14 mulheres o receberam até hoje. E das 40 cadeiras que compõem a Academia Brasileira apenas cinco delas pertencem à mulheres. Na pesquisa realizada por  Marie Declercq para a VICE - que vale super a pena ser lida -, foram reunidos alguns relatos de mulheres que atravessaram a barreira do preconceito e se tornaram autoras. Um dos relatos foi de Jarid Arraes, escritora, cordelista, poeta brasileira e criadora do Clube de Escrita para Mulheres. "Ninguém me disse diretamente 'você não pode ser escritora', mas se eu só encontrava livros escritos por homens, como poderia pensar diferente?"O Clube criado por ela tem como proposta incentivar a prática criativa e a produção escrita das autoras. Além disso, promove debates e discussões sobre as dificuldades diante do mercado de publicação e vários outros temas do universo literário e fora dele. Também realiza eventos sobre literatura e oficinas para todas as mulheres que amam escrever e querem publicar seus trabalhos.mulheres na literatura jarid arraesAline Valek, escritora e ilustradora brasileira, contou que houve momentos em que foi vista como amadora por grande parte dos autores homens que leram seus trabalhos. "Já recebi algumas críticas (todas escritas por homens, inclusive) que tentavam diminuir meu trabalho, como se eu não soubesse o que estava fazendo, como se eu ainda não fosse boa o suficiente para me atrever a escrever e publicar um livro. Tentam te colocar de volta “no seu lugar”. Não deve ser mesmo fácil lidar com a ideia de que uma mulher possa ser uma boa escritora."mulheres na literatura aline valekEm meio a tanto preconceito, encontramos iniciativas que representam um passo em direção à igualdade. Segundo o artigo feito pela estudante de jornalismo Mariana Toy para o Jornal de Comunicação da Universidade Federal do Paraná, o projeto Escritoras Suicidas dá a oportunidade para a divulgação de trabalhos e, além disso, a chance para que escritoras compartilhem os desafios e as alegrias de ser uma mulher que escreve.

Atitudes assim são necessárias para expor as dificuldades que as autoras infelizmente ainda enfrentam por conta do preconceito com o simples fato de serem mulheres.

Um dia desses, a Dé estava em uma  livraria e pediu por algo que contivesse inspirações e lições de grandes empreendedores. O livro que entregaram a ela, e todos os demais livros disponíveis nas prateleiras, eram sobre empreendedores homens. Seria muito legal poder citar as grandes empreendedoras femininas, e, como mulher, inspirar-se e aprender com elas, mas como podemos encontrá-las? Se não são valorizadas o suficiente nem mesmo pelo mercado, como irão chegar até os consumidores?

Foi então que a Dé pensou: e se as livrarias criassem as próprias iniciativas para divulgar as autoras?

Por exemplo, poderia haver um estande dedicado exclusivamente para mulheres escritoras. Além de ajudar na busca, o incentivo é enorme para as autoras que verão suas obras nas prateleiras.  Isso seria nada menos do que mantê-las no lugar de destaque que merecem, para que possam continuar fortes, fazendo o que amam e ganhando o merecido reconhecimento por isso.Você já havia parado para pensar sobre isso? Não seria legal se a partir de agora, você mulher, buscasse consumir mais do que outras mulheres estão escrevendo? Comenta aqui qual seria a sua proposta para criar uma iniciativa de apoio e incentivo às mulheres na literatura? @tudoorna @efeitoorna

Anterior
Anterior

Cinco livros que você precisa conhecer sem ler

Próximo
Próximo

Tudo Orna na Suíça: uma experiência com a elmex